domingo, 6 de fevereiro de 2011


Yves, 20 anos seguidos no poder Publicado em 06.02.2011
Perto de concluir o quinto mandato consecutivo de prefeito, em três municípios, Yves Ribeiro anuncia aposentadoria do Executivo e já mira o Legislativo

Débora Duque

Prestes a completar 20 anos consecutivos no cargo de prefeito, Yves Ribeiro (PSB) – que, atualmente, comanda a Prefeitura de Paulista – decidiu que irá se “aposentar” do Poder Executivo em 2012, quando termina seu mandato. Desde 1992, ele abandonou a profissão de eletricista para se dedicar à chefia dos Executivos municipais de três cidades da Região Metropolitana: Itapissuma, Igarassu e, por fim, Paulista. Não foi à toa que recebeu a pecha de “prefeito itinerante” para deixar marcada sua peregrinação pelas prefeituras. Mas ao completar seu 6º mandato, ele planeja descansar, o que não significa, entretanto, que abandonará a vida política. Ele já tem um novo alvo: a Assembleia Legislativa.
“Estou cansado. Embora prefira os cargos executivos, vou tentar o Legislativo porque é mais tranquilo”, argumentou, já visando 2014. O curioso é que sua mulher, a ex-deputada estadual Ceça Ribeiro (PSB) desistiu de tentar renovar seu mandato por ter se desiludido com o papel coadjuvante a que foi relegado o Poder Legislativo. Como prefeito, a jornada de Yves começou em 83, quando assumiu a Prefeitura de Itapissuma, sua cidade-natal. Na época, era filiado ao PMDB e ocupou o cargo por seis anos. Em 92, foi novamente eleito para o posto, mas, um ano antes de concluir o mandato, optou por mudar seu domicílio eleitoral para Igarassu, onde ganhou a eleição em 96.
A justificativa para sua primeira “migração” é simples. “Igarassu é mãe de Itapissuma, então sempre mantive um vínculo muito forte com a cidade”, explicou. De fato, os dois municípios eram um só até 1982, quando Itapissuma – até então, um distrito – foi emancipada. De Igarassu para Paulista – cidade mais robusta e mais próxima da capital – foi “um pulo”. “Sempre mantive uma identificação muito grande com o Litoral Norte. Desde o início da década de 90, tenho casa de veraneio aqui em Paulista”, explica Yves. Na época filiado ao PPS, ele acabou derrotando o prefeito em exercício, Antônio Speck (PMDB), que, assim como ele, recebeu o apoio do então governador do Estado Jarbas Vasconcelos (PMDB), em 2004.
Ao assumir a Prefeitura de Paulista, Yves diz ter se deparado com uma situação complicada do ponto de vista econômico. Com mais de 300 mil habitantes, a cidade – que, no passado, chegou a configurar-se como um polo de indústria têxtil – possuía uma receita de apenas R$ 6 milhões. Hoje, esse valor subiu para R$ 9 milhões e o “boom” econômico vivido pelo Estado tem ajudado a amenizar a situação financeira do município. Só de recursos oriundos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) são R$ 47 milhões. Para angariar montantes como este, o prefeito mantém o costume de viajar ao menos duas vezes por mês à Brasília, a fim de negociar com o governo federal. “Nunca houve uma parceria tão grande entre município, Estado e União. Quem tem projeto, tem dinheiro”, comemora.
Na rotina diária, ele não enfrenta dificuldades para conseguir colocar seus projetos em prática. Na Câmara Municipal praticamente não há uma oposição forte do ponto de vista político. O mais próximo disso, segundo interlocutores, são os dois únicos vereadores do PT – Professor Denis e Fábio Barros – que, ainda assim, são numericamente incapazes de atrapalhar os planos do Executivo.
Após duas décadas comandando a administração de cidades, ser prefeito virou uma profissão para Yves Ribeiro. Por isso, não descarta a possibilidade de vir a disputar mais adiante as prefeituras de Olinda ou Goiana, cidades onde nasceram seus pais. “O futuro a Deus pertence”, despista. Ao que parece não está em seus planos mudar de domicílio eleitoral tão cedo. Ao menos, até 2012.

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